Começou por programar e lecionar a cadeira "Desenho II" no curso de Licenciatura em Arquitectura, tendo em vista a criação de opções especializadas em Arquitectura de Interiores e Design Industrial no período final da formação. No curso de Licenciatura em Arquitectura do Design, criado em 1992 na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa (FA-UTL), foi responsável pela elaboração e implementação do plano de estudos e dos programas das disciplinas fundamentais, assumindo também a orientação pedagógica dos docentes que as leccionaram. Jubilado em 2000, continuou a exercer as funções de coordenador desse curso. Foi um dos fundadores e coordenadores científicos do primeiro curso de Mestrado em Design da FA-UTL (2002) que esteve na génese do atual Doutoramento em Design da FA-UL.
Formado em Pintura pela Escola António Arroio (1943-1948) e pela Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa (1950-1961), Daciano da Costa abandonou uma carreira promissora nas artes plásticas para investir com convicção nas disciplinas do projecto. Colaborou com Frederico George, seu principal mestre, entre 1947 e 1959. Estabeleceu então atelier próprio, a partir do qual desenvolveu uma carreira notável como projectista. Destacou-se no design para a indústria (sobretudo para a Metalúrgica da Longra, a partir de 1962) e no desenho de interiores públicos: Reitoria da Universidade de Lisboa (1960-1961), Biblioteca Nacional (1965-1968), edifício-sede e Museu da Fundação Calouste Gulbenkian (1966-1969), hotéis Madeira Hilton (1970-1971), Altis (1971-1974), Penta (1971-1975), Casino Park (1972-1984), Cento Cultural de Belém (1990-1992), Paços do Concelho de Lisboa (1997-1998), entre muitos outros.
No ensino, o seu testemunho foi passado a sucessivas gerações de arquitectos e designers, propondo-lhes o seu modo de entender o ambiente construído. Defendia a existência de uma unidade fundamental entre as diversas escalas do projecto – do território à cidade, da arquitectura ao objecto de uso –, fazendo a apologia de um património que lhes é comum: a "cultura do desenho", a racionalidade e o método. Entendia que todos os objectos participam na construção do ambiente humano e que estes apenas no seu contexto podem ganhar sentido, tanto nas suas dimensões físicas (o contexto construído) como nas suas dimensões culturais (o contexto socio-económico, o contexto histórico...). Ao mesmo tempo que reclamava essa herança ancestral partilhada, empenhou-se na afirmação e na defesa da autonomia do Design.
A inquietação permanente de Daciano da Costa, a sua capacidade para transformar os sinais desencontrados da realidade quotidiana em estímulos convergentes, a lucidez e inteligência com que encarava as adversidades para as converter em agentes positivos foram uma das grandes lições que nos deixou.
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